Piada do tomate

QUEM?
O tomate, ou melhor, o seu preço, é o grande assunto das últimas semanas, bombardeando piadas sobre seu preço alto nas redes sociais.

O QUÊ?
O preço do tomate chegou a subir 122% num período de um ano. Fazendo contas rápidas, podemos ver que isso significa subir uma média de pouco mais de 10% ao mês. Esse disparo nos preços alcançou a inflação oficial do governo, o que reforça um possível aumento nos juros. Todos os alimentos pressionaram o preço alto por todo o país, mas a fruta que ninguém sabe que é fruta foi apontada como a grande vilã com seus números altíssimos.

QUANDO?
Nas últimas três semanas, foi observada uma variação de 9,79%, 11,62% e 15,90%. Só no mês de março, a variação chegou a incríveis 24% nos mercados de São Paulo segundo a Apas (Associação Paulista de Supermercados). A variação no preço do tomate, porém, acontece desde 2009.

POR QUÊ?
A causa de todo esse reboliço no preço do tomate teria se iniciado quatro anos atrás. Era possível comprar 25 quilos de tomate a R$40, o que era bom para ambas as partes: baixo o suficiente para o cliente e alto o suficiente para pagar a produção. Com as vendas lá no alto, produtores aumentaram as áreas de plantação, mas a demanda não acompanhou o crescimento, e sobrou produto, o que causa um desabamento no preço: a caixa foi para R$8. Agricultores jogavam caixas inteiras de tomate fora, foi um caos. As áreas de cultivo foram diminuídas outra vez, e o que aconteceu? Faltou tomate, a oferta diminuiu, o preço subiu e voltou a ser aceitável para os agricultores: lá por R$30 reais a caixa. Porém, um safra boa era notícia ruim: tomate demais, preço baixou. A caixa voltou aos R$10, e outra vez o fruto era jogado fora aos montes, mais prejuízo. As áreas de plantio diminuíram outra vez, e em Goiás, por exemplo, foram reservadas 40% a menos de terras para a fruta da salada; diminuir a oferta, subir o preço, menos prejuízo, mais lucro. Tudo uma questão de raciocínio lógico; aula de economia na fazenda.
O que ninguém esperava era a bactéria. A bactéria do tomate se multiplica quando chove demais, e adivinha o que aconteceu? Chuva. A bactéria se proliferou espantosamente, matando mais tomate do que era previsível. Teve fazenda que chegou a colher só um terço do previsto.
Lembrando que as áreas de plantio já haviam diminuído duas vezes, o tomate agora era raro; e essa raridade toda fez com que a caixa do tomate chegasse a bater nos impensáveis R$150 nos centros de distribuição! Chegaram à R$6 o quilo aos mercados, o que subiu para R$10 muito rápido. O aumento no preço? 1.775% comparado com 2010.
Acontece que essa escalada faraônica (olá, professor) do preço do tomate fará com que as áreas de produção aumentem outra vez. Em algum tempo, o tomate voltará ao preço aceitável que custava ter; talvez R$30 ou R$40 a caixa.

QUAL É O PROBLEMA?
A inflação de alimentos de 2012 fechou na casa dos 14%. Para quem não entende de economia, como eu, parece pouco, mas se pesquisarmos um pouquinho, entenderemos que, como disse Alexandre Versignassi da Superinteressante, "A verdade é que só políticas econômicas desastradas conseguem causar inflações de dois dígitos". Permitir que alimentos causem uma inflação de 14% na economia nacional é um erro, não pode acontecer. Para você ter uma ideia, a inflação oficial de 2010 fechou em 5,91%; a de 2011, 6,50%. Essa comparação já deve te ajudar a entender melhor o absurdo dos 14%.  Porém, governo nenhum assume que está errado ou que é culpado pela inflação – culpam sempre os comerciantes, ou os sindicatos, ou os consumidores, ou a chuva.

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