domingo, 30 de agosto de 2015

Especial: Estado Islâmico (ISIS)

QUEM?
O antes chamado Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), hoje apenas Estado Islâmico (EI), mas também conhecido como Daesh (em árabe) ou ISIS (sigla em inglês para Islamic State in Iraq and Syria), é um grupo jihadista, sunita (ramificação do Islã), atuante na Síria. Esse grupo, acusado pela Organização das Nações Unidas (ONU) de crimes contra a humanidade, é hoje considerado grupo terrorista por países como EUA, Canadá, França, Inglaterra e vários outros. 
Liderado por Abu Bakr al-Baghdadi, considerado o novo Osama Bin Laden, que viu na rixa entre sunitas e xiitas a oportunidade de reunir rebeldes sunitas desde comunidades locais até experientes militares do extinto exército de Saddam Hussein. O grupo sanguinário criado por al-Baghdadi vem da simples ideia de usar um povo marginalizado e reprimido por sucessivos governos com comandantes expulsos das Forças Armadas para criar uma arma de terror.

POR QUÊ?
É importante ter em mente que o islamismo, especialmente o fundamentalismo islâmico (seguido pelo EI), não admite a adoração de imagens e/ou estátuas, sejam elas quais forem. A destruição de estátuas pelo grupo terrorista vem da crença de que não deve existir nenhum tipo de imagem de adoração de deuses, sejam elas de religiões atuantes ou extintas já há vários séculos. Em um dos vídeos divulgados pelo EI, um de seus membros explica que "o profeta nos ordenou que nos livrássemos de todas as estátuas e relíquias, e seus companheiros fizeram o mesmo quando conquistaram países depois dele". Segundo os fundamentalistas, não deve haver nenhum tipo de objeto que sirva para culto, não importa de que religião ou era. O mesmo raciocínio foi usado pelo Talibã, que em 2001 destruiu duas estátuas de Buda em Bamyian, no Afeganistão. 
E de acordo com o Estado Islâmico, o que vem à seguir é uma guerra contra "Roma". Na falta de uma figura religiosa suprema para interpretar, a palavra "Roma" pode ser compreendia como a Turquia, os Estados Unidos ou a própria Europa. A vitória islamista nessa guerra aconteceria, segundo os representantes do EI, numa pequena cidade de Aleppo, na Síria, e dará início à contagem regressiva para o fim do mundo. Parece brincadeira, mas não é: o objetivo do Estado Islâmico é dar início ao Apocalipse. Por isso essa guerra sem fim à qualquer civilização, extinta ou moderna. 

As mortes causadas pelo Estado Islâmico são sempre justificadas com infidelidade ao Islã, feitiçaria, homossexualidade ou colaboração com a alianças antijihadistas.
Seus métodos são variados: decapitações, mutilações, apedrejamentos, crucificações, genocídios e sepultamento de pessoas vivas nas regiões dominadas.

ONDE?
Desde o início mais incisivo do seu levante, o Estado Islâmico já conquistou partes da Síria e do Iraque, incluindo suas cidades mais importantes. Na Síria, as cidades de Raqqah e Deir er Zor, onde várias tribos juram lealdade ao EI, e no Iraque, a zona de importância econômica, como a cidade de Mossul, rica em reservas de petróleo e onde está localizada a maior usina hidrelétrica do país.

O QUÊ O EI JÁ FEZ:
Algumas das mais recentes ações do Estado Islâmico:

– 19/08: A decapitação do ex-diretor do Departamento de Antiguidades da cidade de Palmira, Síria, depois de passar um mês em cativeiro. Khaled al-Assad tinha 82 anos, estava aposentado desde 2002, e havia comandado o Departamento por 50 anos. As imagens divulgadas pelo EI mostravam um corpo pendurado em um poste de energia elétrica em uma estrada, com um cartaz que o identificava como o ex-diretor. A justificativa do crime: Khaled foi acusado pelos extremistas de ser diretor dos "ídolos" em Palmira, e por ter representado o governo ao lado de "infiéis" em conferências internacionais, além de ser um partidário do regime sírio.

– 23/08: o EI explodiu o templo Baal Shamin, uma das mais importantes relíquias arqueológicas da cidade de Palmira, na Síria. Essa explosão marca o primeiro atentado contra o patrimônio histórico da Era Romana na cidade, ocupada pelo grupo desde maio de 2015. A Unesco se pronunciou, afirmando que o atentado foi considerado como crime de guerra.

 30/08: O OSDH  (Observatório Sírio de Direitos Humanos) informou neste domingo que 100 pessoas foram executadas pelo EI em apenas um mês. Os informantes infiltrados que a ONG possui na Síria afirmam que entre os dias 29 de julho e 29 de agosto, 91 pessoas, entre elas 32 civis, foram assassinados por terem cometidos "crimes" na Síria. De acordo com a ONG, com estes números chega à 3.156 o número de mortos pelo Estado Islâmico na Síria desde junho de 2014. Desses, 1.841 são civis.

QUEM É OSDH?
O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), ONG cuja base fica em Londres (UK), é responsável pelas contagens não-oficiais do número de mortos na Síria tanto pelo Estado Islâmico quanto por outros meios, através de agentes infiltrados na Síria. O chefe da OSDH, Rami Abdulrahman, confirmou, em 2013, que a ONG é financiada parcialmente pela União Europeia e por outros países ocidentais. 

É IMPORTANTE SABER:
Apesar de o grupo se chamar "Estado Islâmico", para a grande maioria dos muçulmanos e das organizações islâmicas do mundo, o EI não representa o Islã. Ao contrário, o grupo distorce a religião e, adotando esse nome, causa uma generalização completamente errada. Lembram ainda que as maiores vítimas do grupo são os próprios muçulmanos, juntamente com os cristãos e minorias como os yazidis (praticantes do yazidismo, religião que provem de antigas religiões mesopotâmicas). 

Uma grande maioria dos "guerreiros" do Estado Islâmico não são nem sírios nem iraquianos. Aproximadamente 20.000 estrangeiros se juntaram ao grupo até o momento. Um dos mais conhecidos, vindo da Europa, Mohammed Emwazi, foi apelidado John Jihadista  ele aparece em diversos vídeos vestindo roupas pretas e balaclava no rosto, falando com forte sotaque inglês e decapitando jornalistas e agentes humanitários. 

A ONU denunciou este ano o recrutamento de crianças, usadas como como soldados suicidas e colocadas na frente de combate, antes dos soldados mais experientes, como escudo. 

Os terroristas criam casas de prostituição, como na cidade síria de Raqqah, onde iraquianas servem como escravas sexuais, e para onde mulheres britânicas têm migrado (sim!). Segundo elas, os militantes podem usar suas vítimas da forma que quiserem porque elas não são muçulmanas.

Muitos muçulmanos que vivem em países ocidentais têm migrado para a Síria a fim de se juntarem ao Estado Islâmico. Isso já tem obrigado países a reforçarem o controle para evitar a fuga de pessoas que queiram deixar seus países para se juntarem à seus irmãos mujahid.

O líder do Estado Islâmico mudou o nome do grupo terrorista de ISIS para Islamic State (IS em inglês), para deixar claro que seu domínio não será restrito à Síria e ao Iraque. 

PARA COMPREENDER O CONCEITO:
A palavra jihad é um conceito da religião islâmica que significa "empenho", "esforço", e que pode ser entendida como a busca da fé perfeita. Quem segue o jihad chama-se mujahid, no plural mujahidin, palavra frequentemente traduzida como "guerreiro santo", mas que significa "aquele que se empenha na luta". Esse guerreiro pode servir à um propósito laico, lutando por seu país, seu povo, etc. No sentido religioso, esse guerreiro está disposto a dar a vida pela sua fé, seu Deus e sua religião. 

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Um comentário:

Unknown disse...

Parabéns pelo texto. Mesmo o tema sendo complexo ficou muito bem explicado.
Não sei se conhecem, mas o escritor Eric Hobesbawn é um excelente resumista. Acredito que seja bem proveitoso para vocês.